sexta-feira, 4 de março de 2011

Como-te com a ponta dos meus olhos,
já que não cabes em minha boca.
Mesmo que eu a abra toda,
distendendo a mandíbula,
retorcendo minha língua
para encaixar tuas grandes coxas,
trava no começo,engasgando minha garganta,
asfixiando meu utópico desejo de matar a minha fome de amar.
Se coubesse,mastigaria tua pele ardorosa,
como se fosse goma de tapioca,
dissolveria na saliva
até a vontade ficar implícita.
Contaria nos dedos,meus,teus,dos outros,os gostos,desgostos,desejos expostos que na memória da língua eu sentiria,sem mais me sentir

Queimo a fina membrana que separa minha imaginação da árida realidade, crio minhas próprias verdades,
crio bocas nos olhos
e enfim engulo-te por desfecho,
devoro-te por completo,
canibalizo teu pensamento mais complexo
até me extenuar em tuas lembranças,
e fazer parte de mim mesmo.


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