segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Saudade de uma cidade de mar
Com seu calçadão tragado de sal
Suas pernas abertas pro comércio informal
Seus transeuntes que se conhecem por meio do vem e vai
como as ondas bruscas de água carnal
puxada pelos pés de volta pro balanço, maré em soprano,
sem se despedir,mas ainda a se despejar
aos pés da ressaca, sedenta por afogar
esses amores desidratados da capital
Pifa,
ao menor choque de água-viva.

Saudade da Brasília crua
Comida pelo seu próprio carnaval
Vazia,sem curvas
Bocas de lobo entupidas de ruas
E nenhuma das pessoas astutas
para se despir de vendaval

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Sonhos instantâneos
Carcarás insones
se alimentam tristonhos
do rubro falecimento do céu
0 Sol se dobra como papel
e a carapaça cálida da noite se solta
embriagando de escuridão
as vistas de empregados, putas e patrões
Sonhos pulsam soltos como os corações
mãos sinalizam rotas para caronar de contramão e coração
pra se perder de paixão
nem que se tenha que pagar
com gotas de sonho
que orvalham os bicos seiudos da madrugada
e as faces anêmicas do amanhecer
que de um porre de insolação enxurram
com ultravioleta a cegueira da lua arredia

Sonhos que surgem de indecisão
Parados no auge da bifurcação
Soltos são os sonhos
criados a fogo
derrapando na beira do ar
com o pé sujo de correr em quintal aberto
Faz com que ao limite não sejamos fiéis
Os feudos que delimitam a imaginação são rompidos!
Terra nova a vista
Se os prendermos
em nosso sótão de tormento
e os alimentarmos com nossas
migalhas furadas
Logo os mataremos
Junto com nossas metades.

Só calos de saudade.


Escrever
não é de comer
mas sacia
até quem por lombriga se atrofia
Empanturra de prazer
a dormência das mãos a fazer
o que no peito desmancha
Garrancha o vazio do papel
para desentupir a cabeça
vazia, culpada de pensar desleixa
e não mudar o curso da correnteza
Vomitar
letra
por letra
pro vômito escrito desafogar
da certidão de rotina fresca