quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O cerrado virou buraco
Meu peito,descarnado
preso em arame farpado
o índio virou passado
Paulo Octávio de sorriso endinheirado
O patrimônio público virou asfalto
A água mineral do DF se esvai pelo ralo
dos banheiros de ouro do Setor Noroeste
Que se alastra como a peste
burocratizando as rebeliões
privatizando os corações
comprando a alma de multidões
De leste a oeste
a justiça brasileira não sai da maquete.
Muito amor para só uma dor
Muita dor para só um amor
Muito libido pra pouco cupido
Muito sentido pra pouca compreensão
Pouco peito pra toda solidão
Muito sangue para um só coração
Pouco cerrado pra muita plantação
Muita politicagem pra pouca movimentação
Uma só voz rouca para muita boca
Um só corpo para muita roupa
uma vida só para viver muitas vidas
Coagular as feridas
da dor de amar
Desenfreado se deixar multar
até doendo amar

Se amarrar
dar câimbra
até não caber lembrança
que faça
doer de amar