sábado, 11 de setembro de 2010

O morro

O canto das panelas se cala.A chuva se rasga,despencando indefinidamente.Tempestade áspera,desnuda o morro perdidamente.O mato,que já era ralo,se racha e dá lugar ao começo da garganta profunda desta terra sem dono,que traga a fumaça da destruição.Um a um,barraco por barraco, viram poeira perdida na noite e lasca de madeira sonâmbula.As gotas amargas do céu batem de porta em porta,se houver porta. Cospem sem perguntar nomes,caso haja-os,e o final desta tarde corriqueira abocanha os últimos farrapos de vida, se ainda corresse vida nas veias dos que foram esquecidos mofando.A montanha de corpos talvez renda algumas linhas no jornal.
As lágrimas dos sobreviventes distrofiados é abafada pela acústica da indiferença.Cidadãos vestidos do negro da noite sofrida contrastam com o branco pó que enriquece as armas e consome os viciados.
A metrópole envaidecida espera que seu programa de reality show preferido acabe para degustar os melhores corpos das garotas do morro e se masturbar com a ignorância de seus irmãos.
Ah,filhos do vento,também se perdem no amor e não se encontram na dor.Há barreiras na sua capacidade de comunicação,mas gaguejam para mostrar que o morro ainda lhes visita a lembrança.

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